GOW, Peter. 1990. "Could Sangama read?". History and Anthropology, 5:87-103.
Gow (1990), ao analisar relato sobre o conhecimento da escrita por um líder piro, Sangama, antes da introdução da escrita e da escola pelos missionários do Summer Institute of Linguistics, estabelece igualmente uma relação entre o xamanismo e a escrita. Segundo o autor, a interpretação dos Piro sobre o domínio de uma técnica ainda não conhecida pelo grupo e sobre os conteúdos que esta permitia aceder é a de que estavam ambas calcadas no xamanismo piro. O líder Sangama, que afirmava ler os jornais que chegavam às suas mãos sem ter nunca aprendido a ler, fazia-o porque o papel, assim como os desenhos visualizados pelos xamãs em suas experiências com a ayahuasca, permitia visualizar aspectos de uma comunicação que era imperceptível à maioria das pessoas. E, diz Gow, para além desta interpretação do conteúdo gráfico da escrita, a forma como a leitura era feita — por meio de sopros e "limpeza de garganta" (throat-clearing) — confirmava seu caráter xamânico.
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