domingo, 11 de março de 2012

Alfred Gell

ÍNDICE DE AGÊNCIA
Tipos muito diferentes de sujeitos, todos ligados, uns aos outros, numa relação unidirecional de causa e efeito, isto é, de agentes cujas ações produzem pacientes que, por sua vez, podem se tornar agentes, quando reagem à ação que sofreram (Lagrou, 2007:55)

ÍNDICE, ÍCONE.
Que na relação pragmática e interacionista do seu modelo, não é preciso distinguir índice de ícone. Pois todo ícone já é na verdade índice: pois a imagem age sobre a pessoa, partilha nas qualidades daquilo que é imagem (Lagrou, 2006:14).
Ou então, que o símbolo, por sua vez também é englobado pelo índice> tendo em vista que a abdução de agência á qual o índice induz, supõe operações cognitivas (Lagrou, 2006:14).
Simbolo (interpretação)
ícone (semelhança) são pressupostos para a abdução de agência causada pelo índice.

PETER GOW

GOW, Peter. 1990. "Could Sangama read?". History and Anthropology, 5:87-103.

Gow (1990), ao analisar relato sobre o conhecimento da escrita por um líder piro, Sangama, antes da introdução da escrita e da escola pelos missionários do Summer Institute of Linguistics, estabelece igualmente uma relação entre o xamanismo e a escrita. Segundo o autor, a interpretação dos Piro sobre o domínio de uma técnica ainda não conhecida pelo grupo e sobre os conteúdos que esta permitia aceder é a de que estavam ambas calcadas no xamanismo piro. O líder Sangama, que afirmava ler os jornais que chegavam às suas mãos sem ter nunca aprendido a ler, fazia-o porque o papel, assim como os desenhos visualizados pelos xamãs em suas experiências com a ayahuasca, permitia visualizar aspectos de uma comunicação que era imperceptível à maioria das pessoas. E, diz Gow, para além desta interpretação do conteúdo gráfico da escrita, a forma como a leitura era feita — por meio de sopros e "limpeza de garganta" (throat-clearing) — confirmava seu caráter xamânico.